segunda-feira, 25 de novembro de 2019

VENCER OS OBSTÁCULOS

   

     Em qualquer lugar do mundo, classe social, idade, gênero... sofremos com algum obstáculo diário. Quando olhamos para a grama do vizinho achamos sempre que é mais verde e não tem ervas daninhas. Essa impressão é equivocada e  ilusória. Portanto, é normal passarmos por dificuldades diárias. Essas dificuldades podem gerar desânimos por alguns minutos, horas ou dias. Mas quando o desânimo se torna angústia é que representa o  grande problema. 

     Na angústia perdemos a capacidade de enxergarmos a vida com a visão normal. É como se fosse uma fita isolante que isola nossa mente do mundo externo. Se temos medo, ficaremos com o medo de tudo. Se temos autoestima baixa achamos que todos estão zombando de nós; se estamos irritados, nos irritamos com tudo. Então, é normal ficarmos desanimados perante alguma situação, porém angustiados já deixa de ser normal e se torna uma emoção tóxica. Existe um provérbio Chinês que diz que é normal que aves da tristeza pousem em nossas mentes, mas não devemos permitir que façam ninhos em nossos cabelos. Na angústia as queixas e desculpas nos deixam no mesmo lugar e perdemos a fé no futuro.

     O presidente da Organização de Criação de Valores (Soka Gakkai)  e filósofo  Daisaku Ikeda  diz que ter menos problemas não torna a pessoa mais feliz. O que faz a pessoa feliz é a forma como ela responde ao desafio com o espírito de jamais ser derrotada.

   Os escritos budistas (Sutras) relatam sobre a paz e a tranquilidade.O grande mestre Chinês Tientai diz que a paz é a fé que não se abala perante o obstáculo, enquanto que a tranquilidade é a fé que capacita a viver sem medo ou arrependimento.

    Portanto, devemos ter a fé e a coragem para enfrentarmos as dificuldades, sejam quais forem: saúde, relacionamento, emocional, profissional, financeiro... Somos humanos e é comum sofrermos com os obstáculos diários. Mas com a fé verdadeira e coragem podemos transformar as dificuldades em aprendizados e nos tornamos cada vez mais fortes.

    Daisaku Ikeda ainda diz: "As atuais circunstâncias nâo interessam, O importante é o que você fará a partir de agora e o quanto deseja lutar. É dessa disposição que os horizontes futuros se revelam."

REFERÊNCIAS:

STAMATEAS, B. Emoções Tóxicas: Como se livrar dos sentimentos que fazem mal a você. Editora Thomas Nelson Brasil. Rio de Janeiro, 2010.

TERCEIRA CIVILIZAÇÃO: Prática da fé para vencer as dificuldades. Edição 605- 19/01/19

BRASIL SEIKO: Prática da fé para vencer as dificuldades. Edição 2489- 26/10/19

sábado, 9 de novembro de 2019

TRANSTORNOS AFETIVOS

     





    Os transtornos afetivos podem ser classificados de diversas maneiras, sendo mais comum a Depressão, Ansiedade e o Transtorno Bipolar. Em todo mundo estima-se que 300 milhões de pessoas sofram com a depressão e 140 milhões de Transtorno Bipolar de acordo com a Organização Mundial da Saúde, sendo as principais causas de incapacidade em todo mundoo Brasil é considerado o país com mais transtorno de ansiedade no mundo. Nosso país está sofrendo com uma grave epidemia de ansiedade. 
    Em minha formação na pós -graduação em Psicobiologia, pude entender o que se passa no cérebro de uma pessoa ansiosa e com depressão. Alguns neurotransmissores estão envolvidos mais em alguns transtornos do que em outros. Também herdamos nossa tendência genética para manifestar essa alteração, mas é nossa relação com o meio em que vivemos é que torna o transtorno mais susceptível de acontecer.  Quando uma pessoa está numa crise de depressão é comum ouvir alguns conselhos dos amigos e da família para namorar, sair em baladas, frequentar mais a religião que acredita, etc ou mesmo que é "frescurite". Já ouvi mulheres dizendo " Vai lavar um tanque de roupa que cura depressão", ou mesmo de que era doença de gente rica, já que pobre não tinha tempo de ter depressão. O problema é que o transtorno (assim como é chamado) pode atingir vários níveis sociais e idades. Ultimamente os Professores do Ensino Médio tem comentado sobre a preocupação crescente com o aumento do índice de suicídio entre os jovens. Inclusive tem colégios fazendo reuniões com os pais para discussão de comportamentos entre pais e filhos. A  terapia cognitiva (psicologia), medicamentos, conversa sincera com os familiares e uma forte crença, além de alimentação saudável e exercícios físicos são algumas receitas para atravessar os sintomas de maneira mais branda de acordo com os envolvidos no assunto. 
     A emoção tóxica que armazenamos em nossa mente é um gatilho para o transtorno afetivo. Dificuldades existem para todos: financeira, saúde,emocional, familiar, relacionamento, etc. Nós acreditamos sempre que a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa, não é mesmo? Portanto uma dica para trabalhar com os transtornos é o autoconhecimento e o entendimento de como estamos enfrentando determinada dificuldade em nossa vida. A maneira como reagimos ao ambiente reflete nosso estado mental. Podemos reagir com raiva, tristeza, melancolia profunda ou com uma determinação para mudança de uma dificuldade mesmo estando com raiva ou muita tristeza. Eu costumo me dar 03 dias para sofrer. Por que 03 dias? Porque decidi assim. No primeiro dia me entrego a tristeza profunda, no segundo dia fico na lamentação e no terceiro , bem esse é o último, não tenho mais o que fazer a não ser traçar planos para mudar tal situação que desencadeou essa emoção tóxica.
    Essa história de que temos que ser felizes o tempo todo, sermos pessoas bem sucedidas termos o modelo para sermos aceitos na escola, no emprego, relacionamentos diversos e fazermos parte de um grupo também é uma grande mentira. A primeira coisa a fazer para não se cobrar tanto é entender que esse modelo é uma farsa e, até quem escreve livro de autoajuda, também tem seus problemas. A diferença é que essa pessoa conseguiu mecanismos para escapar dessas ciladas do modelo estabelecido do que "temos que".
     Falar sobre Transtornos é fácil, mas passar pelas alterações de humor e ler textos sobre autoajuda no momento em que estamos com o problema é sempre muito difícil, assim como falei anteriormente sobre o conselho que o  povo dá. Há um ano atrás descobri que sofria de TBP (Transtorno Bipolar). Na verdade, desde adolescente me lembro de sofrer de alterações de humor para a depressão, euforia e perda de energia. Na fase adulta culpava o excesso de trabalho pelas alterações de humor. Quando de fato comecei a sofrer com sintomas alternados de ansiedade e depressão percebi que era um Transtorno e recorri a ajuda médica. Desde então, a partir do momento que percebi ser uma doença, tratei de combate-la e entende-la melhor agora não mais como um Professor que leciona sobre os processos fisiológicos do cérebro e suas alterações, mas com alguém que teve a experiência de passar pelas dificuldades da depressão, mau humor, euforia e ansiedade. Para mim, descobrir que estava doente foi uma revelação muito boa pois pude assim buscar ajuda medicamentosa e psicológica. O que me convenceu realmente de que eu precisava de tratamento foi participar em algumas reuniões na ABRATA (Associação Brasileira de Transtornos Afetivos), uma associação onde pessoas que sofrem de transtornos se reúnem semanalmente para contarem sobre suas dificuldades, desafios e conquistas sobre os transtornos.
     Portanto, amigo (a) leitor (a), não queria escrever sobre os transtornos  de maneira científica e nem de maneira superficial o (a) convidando(a) à motivação que sei ser um problema nos momentos em que sofremos com a tristeza inexplicável da depressão. Queria dar meu depoimento de vida também.
     De maneira alguma deixei de acreditar em minhas convicções religiosas. Em relação ao trabalho foi bem difícil começar uma terapia que causava muito sono.Mas me abri com as chefias de ambos empregos e, quando precisei me afastar por alguns dias, isso foi bem conversado. Isso tudo foi em 2018 (ano passado). Esse ano de 2019 passou e trabalhei tranquilamente sem me afastar por um único dia do emprego. Consigo me entender melhor e perceber quando meu comportamento oscila de modo a controla-lo melhor e enxergo que algumas atitudes e comportamentos  e sintomas do passado foram devidas a TBP.
     Isso aí...espero ter ajudado em alguma coisa e precisando pode conversar comigo porque terei um grande prazer. Falar sobre a doença ajuda muito na recuperação. É preciso ter coragem para vencer as dificuldades e mais ainda para vencer um Transtorno Afetivo.  Contar sobre a doença para alguém de maneira alguma deve ser fato para deprecia-lo(a). Eu sou professor universitário no curso de Enfermagem e comecei a contar desde o ano passado minha história de vida para servir de exemplo para que os (as) alunos (as) possam conversar. Felizmente, na Instituição que trabalho, temos o projeto de Mentoria e apoio Psicopedagógico gratuíto no curso de Enfermagem. Não são poucos (as) os alunos (as) que sofrem de algum tipo de Transtorno Afetivo e alguns não conseguem dar prosseguimento nos estudos e largam a Faculdade.

Deixo o link da ABRATA para quem quiser participar. Vale a pena...são reuniões gratuítas de apoio mútuo, além de palestras com especialistas sobre o tema que ajuda bastante.

http://www.abrata.org.br/