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   Havia um tempo em que eu sonhava estar em algumas trilhas. Uma trilha me levava rapidamente ao litoral sul de São Paulo, a outra trilha margeava um imenso rio e saía em uma cidade linda e a terceira trilha passava por cachoeiras e tinha uma espécie de galpão enorme cheio de salas.

   Todas a vezes que entrava em uma dessas trilhas era tomado por uma espécie de consciência de que já sabia onde estava e para onde estava indo.

   Uma vez uma amiga do trabalho fez uma caminhada pela Serra do Mar aqui em São Paulo e estava mostrando as fotos, quando me deparei com uma das trilhas sonhadas: era a calçada do Lorena que foi o primeiro caminho pavimentado entre a cidade de São Paulo e litoral Paulista no SEC XVIII.

   Em muitos desses sonhos meu amigo da época da escola aparecia e foi quando ele começou a compartilhar comigo sobre os mesmos lugares e os mesmos sonhos, foi que percebi que algo paranormal estava acontecendo e que realmente estávamos em algum tempo e lugar juntos.

   Em dezembro de 2018 sonhei com uma trilha diferente. Essa trilha era muito longa e percorremos uma parte em uma caverna. Meu amigo estava junto. A saída dessa caverna era em um pátio de escola. Quando lá chegamos fomos recebidos por vários jovens em um efusivo acolhimento. Eu posso descrever com detalhes a imagem da escola e a sensação vivida. Eu saía sozinho pela rua. A escola ficava no alto e eu descia a rua até encontrar umas casas. Quando entrei em uma delas me surpreendi por encontrar meus avós maternos. A volta dessa trilha foi cansativa e paramos em uma hospedagem para descansar. Eu já não tinha mais tanto contato com esse amigo, mas no dia do meu aniversário começamos a falar sobre o sonho e descobri que ele teve o mesmo sonho, já que conseguiu descrever com detalhes a escola, a trilha, as pessoas e a hospedagem. 

   Nessa última semana, toda família ficou bem abalada com a despedida do meu tio. Eu adorava conversar com ele sobre assuntos paranormais e ele tinha muitas experiências de vida bem legais. Na terça passada mentalizei de que gostaria de dormir e sonhar com ele. Eu tive um sonho muito profundo e acordei bem desorientado. Não me lembrei de nenhum sonho. Essa desorientação ocorreu o dia inteiro do dia 19 de abril e, no fim do dia, me lembrei do local onde havia visitado meus avós e tive a sensação de que meu tio estava muito bem e nesse local.

   Eu resolvi compartilhar essas histórias para minha prima bem no final do dia e ela acabou compartilhando uma outra história que tinha acontecido com a mãe dela.

   Era aniversário da minha tia que estava sofrendo muito com a morte recente do irmão. Era a primeira vez que o irmão não ligaria logo cedo pra ela. Ela gravou uma mensagem de agradecimento pelas mensagens de aniversário no grupo da família dizendo "obrigadooo". Só que essa gravação não apareceu e sim uma conversa de outro grupo em que minha tia não está e que meu irmão e primo conversavam sobre ir ao interior doar sangue para meu tio que estava as vésperas de operar. O mais interessante é que eram cinco conversas em sequência e na gravação apareceu um pedaço de cada conversa. No meio desse áudio aparece uma criança  com uma voz bem fininha gritando como se fosse um apito e falando nitidamente meu nome. Quando chega no final parece que alguém estava gravando em um daqueles gravadores antigos com fita cassete. É possível ouvir o barulho das teclas quando iniciamos a gravação em um desses gravadores antigos. A última frase onde meu irmão fala é interrompida por esse barulho de gravação com uma voz rouca dizendo: "tudo bem".

   Meu tio antes de partir, foi internado, sedado e entubado. Sua voz estava bem rouca nos últimos dias e uma história ficou bem famosa na família que era quando meu tio comprou um desses gravadores antigos nos anos 70 e gravava nossas vozes quando criança. Essa fita, que inclusive tem minha voz de criança, rodou muito pela família.

    Estamos tentando entender o que realmente aconteceu nessa gravação. Mas o que melhor define essa experiência é a frase "tudo bem"